19 de janeiro a 20 de janeiro 2024
2º Encontro de Alojamento Local dos Açores
Resumo introdutório

Terminado que está o nosso 2.º Encontro do Alojamento Local dos Açores, e com todo o trabalho que envolveu a organização do mesmo praticamente feito, não poderíamos deixar de fazer um pequeno resumo daquilo que dissemos, ouvimos e debatemos, para que todos fiquem a par das principais ideias debatidas durante os dois dias em que estivemos no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo.
Sendo que ninguém deve ser juiz em causa própria, arriscamos, no entanto, a dizer que o nosso 2.º Encontro foi um evento coroado de sucesso. É certo que ainda vamos apenas na segunda edição, havendo sempre pequenas arestas a limar e pequenas coisas que servem para que o terceiro encontro seja ainda melhor.
Dito isto, indo diretamente ao conteúdo, propriamente dito, do nosso 2.º Encontro, este abriu com a intervenção do nosso Presidente da Direção, que lembrou que o Alojamento Local “não é apenas um setor” mas sim “um catalisador do desenvolvimento regional.
João Pinheiro salientou que o AL cria “valor, empreendedores, sustentabilidade, reabilitação, personalidade e memórias inesquecíveis para os nossos visitantes”, refutando assim as afirmações de que o AL é a causa dos problemas habitacionais e acrescentando que a destruição do AL não resolverá o problema da habitação: “pelo contrário, “estamos a comprometer o crescimento económico que tanto ansiamos e a fixação de pessoas que desejamos para a Região Autónoma dos Açores”.
O nosso Presidente aproveitou ainda a ocasião para fazer um balanço de 2023, lembrando que “enfrentámos desafios e celebrámos vitórias. Desde a participação ativa na construção do Plano Estratégico e de Marketing do Turismo dos Açores (PEMTA) até à significativa alteração no OE 2024, demos passos importantes em direção ao progresso”. Além disso, a ALA iniciou também a divulgação dos seus associados, “destacando as suas propriedades nas redes sociais”. Este é, aliás, um trabalho de promoção que a ALA quer ampliar, na sua página na Internet, que será renovada em breve.
João Pinheiro lembrou ainda o início do Plano de Formação da ALA, em colaboração com a Escola Profissional da Ribeira Grande e a Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo, salientando acreditar que “essas formações devem ser parte integrante de um plano regional, oferecendo oportunidades regulares aos nossos proprietários e seus colaboradores. A formação é fundamental para elevarmos os padrões de qualidade da nossa oferta”.
Ainda no campo do digital, o Presidente salientou que “é imperativo avançar com a plataforma digital do Alojamento Local. Deixemos para trás os PDFs e abracemos a tecnologia para aprimorar não apenas o setor, mas também a tomada de decisões futuras”, afirmou João Pinheiro, acrescentando que é crucial garantir mais promoção durante as épocas baixas, especialmente para o Alojamento Local”.
“Com o recente encerramento da base da Ryanair no final do ano passado, prevemos um impacto negativo no 1º trimestre de 2024, afetando especialmente o Alojamento Local”, adiantou o dirigente associativo, adiantando que o AL depende “enormemente dos canais de comunicação digitais, e é essencial apostar em campanhas com uma presença robusta na era digital, atraindo clientes que procurem o nosso setor”.
Este 2.º Encontro do Alojamento Local dos Açores serve também para elucidar “as entidades competentes sobre o caminho que estamos a trilhar e ajudar a encontrar caminhos de sucesso para todos os Açorianos. Se hoje somos uma região galardoada com prémios mundiais do turismo, é também graças ao sucesso do Alojamento Local e, principalmente, ao amor que os proprietários do Alojamento Local têm em receber bem quem nos visita”, disse, apelando à “colaboração de todos para enfrentar os desafios futuros”.
O Presidente instou, por isso, as entidades governamentais a “considerarem as necessidades do setor de Alojamento Local e a continuarem a apoiar o nosso crescimento sustentável”.
A finalizar, agradeceu a todas as entidades que contribuíram para a realização deste 2.º Encontro do Alojamento Local dos Açores, nomeadamente a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, a Câmara Municipal da Praia da Vitória e a Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo, bem como aos patrocinadores oficiais do evento e ao grupo de trabalho da ALA, cujo esforço e dedicação foram essenciais para a concretização deste encontro de dois dias.
Resumo Painel 1

A seguir à intervenção do Presidente da ALA, seguiu-se o Painel 1, sobre o Papel do AL no desenvolvimento turístico dos Açores, com a participação da Diretora Regional do Turismo, Rosa Costa, o Presidente da Câmara Municipal de São Roque, Luís Silva, o Vogal da Associação Municípios da Região Autónoma dos Açores, Alexandre Gaudêncio, e o Presidente da ALA, João Pinheiro.
A Diretora Regional do Turismo defendeu a aposta no AL, já que este “é positivo e temos de continuar a apostar nele, como um dos meios de alojamento dos nossos turistas, uma vez que está coadunado com a procura que nós temos”. Rosa Costa elegeu como desafios uma melhor distribuição dos fluxos turísticos e a atenuação da sazonalidade, deixando um desafio ao AL: criar atividades alternativas a realizar em dias de mau tempo.
Já o Presidente da Câmara de São Roque do Pico falou da realidade daquela ilha, que tem mais camas do que São Jorge e o Faial juntos. Luís Silva disse que ainda é possível crescer no AL sem perder a identidade que nos caracteriza, pugnando pela qualidade e mantendo-o genuíno.
Por seu turno, o Vogal da AMRAA revelou que os municípios de São Miguel preparam-se para aplicar uma Taxa Turística, em princípio, de 2€, até um limite de 3 a 5 noites, o que ainda não está definido porque esta é uma matéria que ainda não está fechada. Equaciona-se nesta altura a isenção para residentes e deslocações por motivos de doença. Alexandre Gaudêncio adiantou ainda que os AL terão uma comissão de 2,5% da taxa cobrada.
O Presidente da ALA, neste assunto, afirmou que a Taxa Turística vai “dar pano para mangas”, salientando que este não é o momento certo para aplicar esta taxa. João Pinheiro lembrou que a Madeira, que está num patamar muito diferente dos Açores, no turismo, só este ano é que vai avançar com uma taxa turística, sendo que aquele arquipélago tem turismo de massas, justificando-se a aplicação da referida taxa. Já nos Açores temos todas as condições para criarmos uma taxa turística específica da Região, sem necessidade nenhuma de importarmos uma qualquer taxa, defendendo ainda a cobrança de taxa à entrada nos açores e não nos AL.
O Presidente afirmou ainda que o setor do AL não está minimamente satisfeito com a promoção feita pela VisitAzores, já que a principal promoção é feita pelos próprios proprietários dos AL e adiantou que o próximo Governo tem de olhar para o turismo como um setor vital para a economia da Região.
João Pinheiro falou ainda da possível classificação dos AL, afirmando que este é um passo que teremos de dar, mas antes há que trabalhar muito bem os critérios e definir como será feita essa classificação e de que forma, sendo que este é um trabalho que deve ser realizado em parceria com a Direção Regional do Turismo.
Resumo Painel 2

No Painel 2, sobre a “Realidade do AL nos Açores”, foram oradores quatro proprietários de AL: Margarida Quinteiro, da Terceira, Sara Nascimento, em São Miguel, Rosa Dart, no Faial e Emanuel Cabral, em Santa Maria.
Deste painel saiu a ideia de que os turistas começa a ficar mais tempo, fazendo estadias mais longas, embora também se note atualmente um aumento da sazonalidade. Falou-se também na dificuldade em encontrar pessoal disponível para trabalhar.
O caso específico de Ponta Delgada foi abordado, já que esta é uma cidade onde há já muita concorrência e existe uma certa tendência para redução de preços nesta altura, sendo uma preocupação a possível “canibalização” de preços.
Neste campo o painel foi unânime, defendendo que não se pode baixar preços, sob pena de os Açores serem vistos como um destino de baixa qualidade.
O turismo está numa curva ascendente, não tendo ainda atingido a maturidade, nos Açores, havendo, assim, espaço para crescer, mas em qualidade, o que é fundamental. Esta foi uma das ideias defendidas este painel, onde todos concordaram com a necessidade de vender qualidade e não quantidade, não fazendo sentido baixar preços, já que o próprio preço seleciona, também, o tipo de cliente que os Açores recebem.
Resumo Painel 3

No Painel 3, subordinado ao tema “AL nas Operações Turísticas”, estiveram presentes Sandrine Casseau, da Agência Terra Lusitania, Catarina Cymbron, da Agência Melo Travel, Luís Nunes, da Azores Getaways e Nuno Pinto, da Agência Abreu Viagens.
Dos vários assuntos abordados, sobressaiu o facto de nem todas as agências trabalharem da mesma forma, havendo quem trabalha com os AL porque confia neles. Ficou no ar a ideia de que a classificação dos AL não é muito importante, já que quem procura AL não procura classificação. Os agentes de viagens lembraram que as agências são um intermediário, tal como são o booking ou outras plataformas, mas os AL dizem precisar das agências apenas de inverno e não no verão.
A ALA, disseram, deveria negociar com um “channel manager” para colocar os AL disponíveis para marcação pelas agências de viagens.
Todos os painéis originaram um debate muito participado pelos presentes na plateia.
O primeiro dia do nosso encontro terminou com um jantar-convívio, oferecido pelo Governo dos Açores, no Clube de Golfe da Ilha Terceira.
Resumo Painel 4
O segundo dia do encontro teve início com o Painel 4, dedicado aos “Desafios para a afirmação do AL”. António Sales Nobre, Empresário, Francisco Gil, Presidente da Assembleia-Geral da ALA, Graça Batista, Professora Universitária e Miguel Torres Marques, membro da ALEP foram os oradores.
Do argumentos esgrimidos, sobressaiu a ideia de que, no continente português, o futuro do AL será difícil, por causa do programa Mais Habitação e a aplicação da famigerada Comissão Extraordinária sobre o Alojamento Local, o CEAL. Já nos Açores, tudo indica que essa taxa não chegará a ver a luz do dia. Embora estejamos à beira de eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e, por isso também, a dias de termos um novo Governo, a Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Dr.a Berta Cabral, que estava presente na plateia, fez questão de afirmar que o Governo quer isentar todo o território dos Açores, da aplicação da CEAL, ideia também defendida pela maioria dos partidos na Região.
Neste painel foi defendido que há um desafio, a vários níveis, no posicionamento do AL, desde logo na questão da CEAL, sendo que a ALA não deve desistir desta luta, até o assunto ter um desfecho para os AL.
Foi também defendida a ideia de que quanto mais associados tiver a ALA , mais força e maior representatividade terá, junto das várias entidades ligadas ao setor ou ao poder público e local.
A necessidade de os Açores aprenderem com os erros cometidos no continente, não os repetindo, foi outra das ideias defendidas, já que, lá fora, atualmente, existe um lóbi contra o AL, devido ao problema da falta de habitação e o AL está a ser usado como “bode expiatório” e responsável por todos os problemas habitacionais do país.
No entanto, é preciso explicar e lembrar a quem de direito que, se o AL desaparecesse do mercado, a hotelaria tradicional não teria capacidade para receber os turistas que procuram o continente ou as regiões autónomas.
Por outro lado, defendeu-se que é importante que o AL tenha uma palavra a dizer sobre a forma como serão investidos os montantes arrecadados através da taxa turística, tenha ela a forma que tiver.
Resumo Painel 5
No Painel 5, sobre o “Posicionamento do AL em 2024, foram oradores Gualter Couto, do Fundo de Maneio, Marcos Couto, da Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo, Nuno Melo Alves, Diretor Regional do Planeamento e fundos estruturais e ainda o Advogado Elias Pereira, que se manifestou convencido de que a CEAL não será aplicada na Região, já que, do trabalho desenvolvido pela ALA, nomeadamente através das reuniões com os grupos e representações parlamentares da Assembleia Regional, houve um grande consenso que aponta para a isenção dos Açores.
Foi também defendida a criação de um lóbi do AL, sem qualquer carga negativa neste termo, e a aproximação do AL à VisitAzores, já que este setor deve ter uma participação muito ativa na promoção turística.
Foi ainda referido que as estatísticas indicam que o AL ajuda a aumentar a estada média nos Açores, mais do que a hotelaria tradicional , sendo que o setor tem um efeito multiplicador na economia açoriana.
Participando no debate, o Presidente da ALA fez questão de referir o trabalho realizado pela ALA, para ter acesso a fundos estruturais, culminando com a inclusão do AL no programa Construir 2030. Para João Pinheiro, o valor comparticipável deve ser revisto em alta, já que o limite de 50 mil euros é muito pouco.
O Presidente da ALA defendeu ainda a desburocratização do setor, uma vez que atualmente há excesso de burocracia.
Além dos painéis realizados, houve ainda lugar para dois workshops: um sobre a “Apresentação do atual modelo de recolha de dados estatísticos” e outro sobre “Como melhorar o desempenho do AL”, que suscitaram o esclarecimento de dúvidas da plateia.
O 2.º Encontro do Alojamento Local dos Açores contou ainda com uma área de exposição das empresas parceiras e patrocinadoras deste evento, a quem prontamente agradecemos, pelo apoio e pela presença, durante os dois dias do evento, apresentando os seus produtos e serviços aos proprietários de AL das várias ilhas que estiveram presentes.
Todo este trabalho foi complementado pelos contactos realizados entre participantes, nas pausas para café ou durante os almoços e jantar que, como todos sabemos, são espaços de excelência para troca de ideias e experiências.
Sendo impossível descrever tudo o que se disse e abordou em todos os espaços do evento, este é, assim, o resumo possível do nosso 2.º Encontro do Alojamento Local dos Açores.
Dia 1
Dia 2